quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Notas virtuais: O antigo problema do agrobusiness e o dragão de duas cabeças

Desde Adam Smith, já era perceptível que o agronegócio teria problemas na era do capitalismo e da especulação. O valor nominal dos produtos agrícolas sempre fora muito próximo do valor real deles, tanto pela facilidade no cultivo destes produtos, quanto pela falta de dinamismo para adequar em curto prazo a oferta à demanda e pelo problema de estoque, já que são produtos altamente perecíveis. Enquanto isso, os produtos industrializados são exatamente o oposto, tem seu preço nominal elevado pelos segredos industriais, pelo marketing, pelo dinamismo de produção e estoque e também pelo oligopólio que há na maioria das produções.
Mas parece que o cenário vem mudando favoravelmente para os produtos básicos, graças ao dragão de duas cabeças, a China. Se por um lado, ou cabeça, ela vem produzindo em larga escala produtos industrializados graças a sua mão de obra farta e barata, por outro, essa grande população tem que comer. Logo, ela vem tanto barateando os produtos industrializados, como deixando mais caros os produtos agrícolas.
Para o Brasil, país que tem no agrobusiness a maior parte da sua riqueza, isto é ótimo. Resta saber se isso é um quadro crescente ou apenas uma fase temporária, já que a China hoje começa a sofrer com sua população que vem envelhecendo enquanto, através das medidas de controle de natalidade, não vêm tendo reposição de jovens na mesma proporção.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Formiguinhas



O maior medo das formiguinhas é a chance de fazer o que quiser: sem tendências para seguir, regras para cumprir, sem valores éticos, sem chefes para lhes dar ordens, sem jornada de trabalho semanal e sem nenhuma conta para pagar.

Formiguinhas morrem de medo de liberdade.

Elas também morrem de medo de não ter do que reclamar, de não ter de quem falar mal.

Formiguinhas são falsas moralistas e hipócritas, consciente e inconscientemente. Elas desaprovam atos sujos que morrem de vontade de fazer também, mas não tem coragem.

Formiguinhas não sabem, não querem saber e tem raiva de quem sabe.



Odeio formigas.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Observar e Absorver – Eduardo Marinho.

O vídeo “Observar e Absorver” de Eduardo Marinho é uma crítica completa ao ideal capitalista dos últimos séculos.



A alienação do homem, teorizada por Marx, nunca foi tão visível como nos dias de hoje. As pessoas já pouco lutam contra esta alienação, aprenderam a conviver pacífica e passivamente com os malefícios do capitalismo, não tendo mais nem mesmo o trabalho de refletir sobre o assunto. Nesse panorama aparece Eduardo Marinho, um “artista útil” que, acima de tudo, exerce sua função de ser pensante.

Em pouco mais de dez minutos, Eduardo filosofa sobre a sociedade, suas necessidades, falhas e desequilíbrios de forma emblemática. Mais que um crítico externo, o rapaz se submeteu a ir viver na rua, no resto, como ele mesmo diz, para assim seguir seus ideais e ser um pouco mais livre.

Eduardo fala sobre assuntos que não são novos, mas que hoje são tidos como devaneios, coisas que já não compensam mais ser debatidas. O vídeo ganha ainda mais propriedade por ser local e contemporâneo, nele são expostas mais que teorias ensinadas em aulas de sociologia, são expostas experiências vividas por um brasileiro e a lição que este conseguiu tirar delas.

Achei algumas opiniões de Marinho até um pouco exageradas, mas como ele mesmo escreve em um cartaz, “loucos abrem caminhos que mais tarde serão percorridos pelos sábios”, ou seja, ás vezes é preciso que alguém seja um pouco agressivo em demasia sobre um tema para que assim, sejam abertos precedentes para discussão dele. E é este, a meu ver, o objetivo central do texto: Instigar a reflexão e a discussão sobre os temas abordados. Espero que o vídeo consiga cumprir seu objetivo, pois concordo com Eduardo, a sociedade tem muita coisa errada e precisa de gente reflexiva em todos os seus meios.



Abaixo algumas frases que aparecem no vídeo e que se sustentam por si só:

“Privilégio come direito.”

“A necessidade é abstrata.”

“Não quero que minha vida seja usada para a manutenção desse estado da sociedade. Eu não sei o que eu vou fazer, mas sei o que não vou fazer.”

“Loucos abrem caminhos que mais tarde serão percorridos pelos sábios.”

“Que vencedor que nada, não estou aqui para competir.”

“Enquanto houver essa estrutura partidária no país, não haverá democracia.”

“Rico é muito inseguro, o que é natural, afinal depende de pobre para tudo.”

“É engraçado falarem que a sociedade tem oportunidade para todo mundo, que pobre é pobre porque é incompetente. (Mentira) A competência do pobre foi cassada no ensino.”

“Não queria mais depender dos meus pais, estava com diferenças ideológicas muito grandes com eles.”

“Nunca aceitei a pecha de rebelde, não sou rebelde, apenas o que a sociedade me oferece não me satisfaz.”

“Artista reflexivo é raridade, como é raridade gente reflexiva em qualquer meio.”

“Tem benefício material que não vale o prejuízo moral.”

“A solidariedade para eles (a elite) é grupal, são eles, o grupo deles, contra o resto. O resto somos nós e eu prefiro fazer parte do resto, porque [...] minha pobreza é a minha riqueza e, nessa sociedade competitiva, a minha derrota é a minha vitória.”

A verdade sobre a maconha (Revista Super)

Um ótimo texto sobre a droga que é tabu talvez mais por falta de conhecimento que dos próprios malefícios.


super.abril.com.br
A proibição da cannabis pode ter mais a ver com interesses morais, políticos e econômicos do que com argumentos científicos. Saiba mais sobre os efeitos dela e sua influência na história da civilização.

Mais links para os politicamente incorretos:



quarta-feira, 11 de abril de 2012

Breve ensaio sobre a crise grega

Reproduzo abaixo um relatório sobre a crise grega solicitado pelo meu professor de finanças. É bem curto e mal redigido, mas é de coração


A Grécia está em uma verdadeira “sinuca de bico”. Mesmo com a ajuda financeira da União Européia (UE) não tem conseguido reduzir sua dívida pelo menos até níveis aceitáveis. E olha que a ajuda não foi pouca: 110 bilhões em pacotes de resgate financeiro em 2010, 109 em 2011 e agora mais 130 por empréstimo e perdão de 100 bilhões em dívidas com bancos privados, ainda assim, o cenário é horroroso.

A pergunta que fica é: Como a situação chegou a níveis tão assustadores?

A Grécia vinha em ascensão econômica até 2008, inclusive com o PIB crescendo mais que a média da UE. Porém, em 2008, com a crise mundial de crédito, muitos problemas até então maquiados foram expostos e a economia grega mostrou toda sua fragilidade. O país gastou muito mais que podia na última década, virando refém de crescente dívida, enquanto sua arrecadação era afetada pela evasão de impostos comumente praticada por lá. Vale ressaltar que boa parte do excesso de gastos foi para que acontecesse a olimpíada de 2004, que deixou legados físicos abandonados e dividas até hoje, que isto sirva de exemplo para o Brasil.

Com a divida crescente, a evasão fiscal, altas nas taxas de desemprego e desconfiança dos investidores, a Grécia viu-se adentrar numa grave crise, sendo obrigada a pedir a ajuda da UE. A ajuda veio conforme citado no primeiro parágrafo, porém não foi suficiente. A Grécia ainda tentou e tenta implantar medidas de austeridade como aumentar impostos, diminuir aposentadorias, congelar salários de funcionários públicos e demitir parte deles. Medidas que por sinal foram muito mal recebidas pela população, gerando diversas greves e conflitos no país.

Este cenário grego caótico coloca em xeque também a UE, que de certa forma é responsável por agravar a crise, pois se a Grécia tivesse moeda própria, poderia implantar medidas que desvalorizassem esta moeda favorecendo exportações, também se tivesse controle da taxa de juros poderia diminuí-la, aquecendo a economia. Mas não tem, quem tem é a UE, e se esta não tiver capacidade de lidar com a crise grega, também corre risco de ir para o mesmo buraco, pois países como Portugal, Irlanda e até mesmo a Espanha já dão sinais de que poderão precisar de sua ajuda.

Concluindo, a Grécia é um exemplo de má administração pública por todo o desleixo com seu orçamento e controle fiscal, porém que teve uma punição dura até demais, pagando o preço por entrar em uma união econômica e utilizar de sua moeda. Sua recuperação põe em jogo toda a estrutura dessa união e depende muito do apoio da população ao estado. O país fatalmente sofrerá nos próximos anos, mas é sua única opção. Caso fracasse, corre o risco de ser obrigada a deixar a UE, perder o crédito que ainda lhe resta e ver seus bancos quebrarem, sem dinheiro para os correntistas. Tudo isto acarretaria uma falência total.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vida de gado. Existencialismo de segundas-feiras.


O ministério da saúde adverte: Se não estiver afim de ler besteira, não leia o texto.

Tenho sérios problemas com segundas-feiras. Ou não, talvez não sejam problemas e sim, constatações. O que acontece é que nas segundas, estou menos adaptado que no restante dos dias úteis ao meu trabalho alienado, logo penso mais sobre a vida e qual o sentido dela.

Geralmente começo a matutar sobre quanto é inútil o trabalho que tenho quando já estou nele, geralmente conferindo a contabilização de alguma nota fiscal. Hoje foi diferente, logo no ônibus, vindo ao trabalho com um pouco menos de sono que o normal, comecei a perceber as pessoas em volta: Duas meninas, uma sentada ao meu lado e outra de pé de frente dela, reclamavam das provas que teriam essa semana, provavelmente do curso de administração do qual não gostam, do qual fazem apenas para seguir a regra. Na minha frente duas senhoras, uma de uns 40 anos, pelas rugas no rosto, outra um pouco mais nova, mas também com jeito de quem já tem filhos e uma casa para cuidar, reclamavam do trabalho e do terror de segunda, já não viam hora de chegar o fim de semana, como se este fosse o único motivo de viver. Em um ponto entrou uma senhora já de certa idade, cabelos brancos, com uma expressão cansada, acho que iria trabalhar apesar da aparentar ter idade para estar aposentada. O ônibus estava lotado e ela parou do lado das meninas que conversavam sobre as provas, fiquei um pouco angustiado pelas meninas não darem o lugar a ela, pensei em levantar e ceder meu lugar, mas como estava no canto, nos bancos da frente e o próximo ponto estava perto, a senhora foi se espremendo para trás sem me dar a chance de ser gentil e tentar por um sorriso no rosto triste dela. Olhei para trás, não consegui enxerga-la, espero que alguma boa alma tenha cedido o lugar.

Inserido nesse cotidiano, vejo quão miseráveis as pessoas são do meu ponto de vista. Não as culpo por isso, afinal, dentro de suas (nossas) perspectivas não há muito o quê se fazer. No fim das contas, são até felizes com suas vidas como relata de maneira irretocável a célebre canção: Vida de gado, povo marcado, povo feliz. Quem destoa mesmo sou eu (desculpe-me se soei egocêntrico), que tento achar sentido para as coisas, sentido para tudo, até para a vida. Coisa inútil.

No primeiro episódio da sexta temporada de Dr. House, ele é internado contra a vontade em um manicômio, então passa a tentar de todo jeito encontrar um meio de sair de lá, gerando diversos planos mirabolantes. Num deles, quando ele é pego pelos enfermeiros e levado para o quarto para ser trancafiado, seu companheiro de quarto diz uma coisa que ecoou na minha cabeça pelo contexto: Thinking sucks.

Realmente, pensar é uma merda. Pensar na vida então? Um troção seco, daqueles que arranham seu brioco todo. Pensar na vida é lembrar que ela é efêmera, é lembrar que somos apenas mais uma das bilhões de pessoas que existem na terra, sem motivos, sem objetivos, que somos apenas poeira das estrelas, como diria algum poeta ou astrofísico, talvez. Pensar na vida não a faz melhorar, só nos faz aborrecer.

Sorte de quem consegue não pensar na vida, o que não é meu caso. É minha sina pensar bobagens demais. Um dia talvez, isto me ajude de alguma forma. Enquanto este dia não chega, vou tocando em frente minha vidinha de gado, amanhã certamente já não pensarei tanta besteira.


PS.: Siiiiim, eu sei de tudo aquilo, que tem o paraíso e tal, que você vai para o céu, por isso toda essa vidinha medíocre que você leva valerá a pena no fim das contas. Tá certo, isto tudo aí é real, não é apenas besteira inventada para anestesiar a dor de saber que nossa consciência deixará de existir um dia.

quarta-feira, 28 de março de 2012

RIP Millor

Um dos humoristas mais inteligentes que já vi. Leia abaixo os "apotegmas do vil metal". Textos breves sobre a

economia e a vida.

http://www2.uol.com.br/millor/economia/018.htm

"Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus." (Millor Fernandes)

segunda-feira, 26 de março de 2012

The Wall - Roger Waters

Fui obrigado a postar aqui a reportagem da Revista Rolling Stones sobre o musical The Wall de Roger Waters. Leiam abaixo e compartilhem comigo a vontade de ter ido nesse show:

Edição 51 - Dezembro de 2010

Reerguendo o Muro

Como Roger Waters, ex-Pink Floyd, domou seus demônios, retomou seu legado e ressuscitou a obra-prima The Wall


Leia aqui:

http://rollingstone.com.br/edicao/51/pink-floyd-roger-waters-reerguendo-o-muro 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Polêmicas: Os gigantescos nadas


Com toda essa polêmica sobre a lei geral da copa e sobre vender ou não bebida alcoólica nos estádios, parei para pensar: como são inúteis as polêmicas.

Todo ano surgem uma, duas, três, várias polêmicas que mobilizam o país inteiro. Verdadeiras febres, todo mundo tem de saber um pouco para dar sua palpitada. Mas o que me intriga mesmo é como assuntos de tão pouca importância acabam no centro das atenções. Como o caso da bebida alcoólica.

Sinceramente? To pouco me lixando se será ou não aprovado beber água, pinga ou diesel nos estádios. Eu fico preocupado mesmo é com o que farão com os estádios no Amazonas, Mato Grosso e Distrito Federal quando a copa acabar, ou melhor, até enquanto a copa durar, porque eu acho algo totalmente incabível (para não dizer idiota) construir estádios de centenas de milhões de reais para haver DOIS jogos com mais de 10 mil pessoas nele. Não é possível. Como os nossos representantes deixam passar algo tão grandioso e estapafúrdio como esses estádios e agora se mobilizam aos montes para discutir se vendem ou não cerveja?



Outra coisa que todo ano de eleição entra em pauta e todo ano me deixa puto é a questão do aborto. Todo debate alguém faz a miserável pergunta sobre o aborto. Eu me pergunto: Para que? Por quê? Qual a relevância disto? Parece que, sei lá, aborto é uma palavra que surge só de 4 em 4 anos, em ano de eleição presidencial, para que algum candidato fale que é neutro sobre a questão e que temos de fazer um plebiscito e blá, blá, blá.

A polêmica em torno de privatização também me deixa mal humorado. 90% das pessoas que falam mal do assunto não sabem 5% do básico sobre ele, só sabem falar “estão vendendo nosso país”. E isso parece algo contagiante, parece que todos querem poder falar que “estão vendendo nosso país”, é patriótico, quase heróico.

E o mais engraçado é que depois de toda a discussão em cima das polêmicas, nada acontece. Todo mundo esquece do assunto e partem para outro sem ter encontrado soluções. Parece um balão de ar, que vai enchendo, crescendo e quando está bem grande, estoura e desaparece. Não deixando nenhum legado além de pulmões desgastados.


Ainda sobre polêmicas, vale lembrar a celebrada frase de Bruno Rodrigues:
“Hoje vamos falar sobre um assunto polêmico: Mamilos! Mamilos são polêmicos”.

terça-feira, 20 de março de 2012

A normalização das falcatruas

Achei sensacional a reportagem do Fantástico sobre corrupção (esta aqui). Um repórter tem de ter muita coragem para ficar frente a frente com esse tipo de gente e depois, facilmente reconhecível, por ao ar o que ouviu destes ratos. E o que ele ouviu, meu amigo, é assustador.

O que mais me chocou na matéria foi a forma espontânea que os empresários falavam do esquema de dar propina para ganhar as licitações, como se não tivessem cometendo nenhum crime, como se o negócio fosse igual a qualquer outro. Outra senhora ainda falou que era a ética do mercado que estabelecia estes parâmetros, ou seja, que estas falcatruas jazem normalizadas.

Sem amaciar o impacto, a verdade é que esta senhora tem razão. Á partir do momento que falamos “todo político rouba mesmo”, “o governo não tem mais jeito”, “é um bando de ladrão” estamos normalizando a corrupção, estamos dizendo que, sim, sabemos que estão nos fodendo e não vamos fazer nada sobre isso. É o tal do sapo na panela: eles roubam um pouco, não dá problemas, roubam de novo, sem problemas, roubam mais uma vez e alguém pega, mesmo assim não acontece nada. Logo estão roubando tudo que puder, afinal, é fácil e não tem punição. E o melhor: todos são CONIVENTES.

Será que os contadores dessas empresas ilícitas não vêem o furo no balanço? Será que o tesoureiro não vê o furo no caixa? Quantas pessoas estão envolvidas no processo? Quantas denunciam alguma coisa?

Pois é, depois vem um monte de neguinho que sabe destes esquemas, e até participa passivamente, reclamar da educação, da SAÚDE, sendo que está ajudando a desviar a verba para comprar equipamentos HOSPITALARES. Pense nisso, o que vimos foi um roubo no orçamento da saúde, furos que só nessa reportagem passaram de 2 milhões. Isto em 60 dias de investigação. Imagine quantas pessoas deixaram de ser atendidas por causa da ganância desses bandidos? Talvez pessoas até morreram em filas de hospitais por causa dela.

Tudo isso, meus caros, acontece por nossa passividade e hipocrisia. Fingimos ser apenas mais uma engrenagem inanimada do sistema, mesmo sabendo que sem nossa sinergia nada disso aconteceria. Queremos o perdão, nos cobrimos de desculpas para poder livrarmo-nos do trabalho de lutar pelo justo. Generalizamos a classe política para poder se isentar da responsabilidade de escolher bons líderes. Normalizamos as falcatruas por preguiça de combatê-las.

Mas se achamos que está bom assim, se achamos que estas palhaçadas são paralelas às nossas vidas e que é melhor estar quentinho na merda que passando frio fora dela, que continuemos inertes. Como diz aquela música do Engenheiros: Se queres paz, prepare-se para a guerra, se não queres nada, descanse em paz.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Uma conta difícil

Segue a redação que enviei no mês de fevereiro para o banco de redações do uol




O ciclo da vida é de uma perfeição sublime: Os seres vivos nascem, crescem, se reproduzem, morrem e transformam-se em alimentos para os novos seres vivos, tudo de forma delicadamente arranjada para que nada falte e nada sobre, uma equação inalterável calculada por bilhões de anos pela natureza.

Porém, um ser vivo conhecido como homem, com sua racionalização, aprendeu como alterar a equação para facilitar sua existência, mesmo sem entendê-la direito. Criou ferramentas para aumentar sua segurança e diminuir seu esforço, com isso tornou-se o ser predominante no mundo e cada vez mais desenvolvendo ferramentas para satisfazê-lo. Desprezando todo o resto.

Como ser predominante, o homem expandiu sua população de forma absurdamente rápida, gerando necessidades cada vez maiores e criando ferramentas cada vez mais eficientes para saciá-las. Porém, com todo esse consumo, a equação que a natureza havia desenvolvido para dar seguimento á vida já não é tão simétrica, o ciclo não consegue completar-se de forma adequada na velocidade e na forma que o homem pede. Tudo isso tem gerado graves reações adversas, uma delas é o acumulo do que chamamos de lixo.

Lixo é todo tipo de sobra de algum produto consumido pelo homem que para ele já não tem mais valor. Como o consumo nos dias de hoje é voraz, tanto pelo tamanho da população, quanto pela necessidade de consumo na sociedade capitalista, a criação deste lixo também atinge escalas absurdas. Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), cada brasileiro, em 2010, produziu 378 quilos de lixo.

Antes das ferramentas e dos produtos sintéticos criados pela raça humana, este “lixo” era absorvido pela própria natureza transformando se em alimento para outros seres vivos de forma equilibrada, sem deixar resíduos. Hoje, como a natureza não consegue este feito, o homem desenvolveu formas de recolocar os resíduos no ciclo, como a reciclagem, e também tem tentado uma forma de consumir mais responsável.

Com essas alternativas para absorção de resíduos funcionando, muito dos problemas do consumo atual poderiam diminuir, mas infelizmente as alternativas não funcionam como o desejado. O homem ainda não tem sabedoria suficiente para trabalhar como a natureza, ele não consegue desenvolver sua própria equação com valores tão altos de preguiça, ganância e hipocrisia como os que temos hoje. Se diminuirmos estes valores teremos alguma chance de equilibrar o ciclo novamente, se não diminuirmos, fatalmente um futuro obscuro nos esperará.

terça-feira, 13 de março de 2012

PIB: Nada a comemorar aqui.

E o PIB do Brasil recentemente ultrapassou o do Reino Unido e se tornou o 6° maior do mundo. PIB é o que o país produz em valores, geralmente medido no ano. Logo, o Brasil passou a produzir mais que o Reino Unido. Beleza, o Brasil só tem um território 35 vezes maior que o do Reino Unido e uma população 3 vezes maior. Produzir mais é questão de necessidade. Nada a comemorar aqui.

Em contrapartida em um outro índice que vira e mexe aparece na mídia, o Brasil ainda está 56 posições abaixo dos ingleses. O índice que estou falando é o IDH, o índice de desenvolvimento humano.

O que se absorve destes dados é que, se por um lado o Brasil produz muito dinheiro, por outro, produz pouco desenvolvimento humano, o que é muito mais importante que o dinheiro. Exemplo: A China é a dona do segundo maior PIB. Alguém aqui gostaria de morar na China? Eu duvido.

Como disse há um bom tempo atrás aqui neste blog: Que o crescimento brasileiro virá, todos sabemos, o que eu quero saber é como virá. Não adianta querer produzir a torto e a direito sem uma estrutura adequada. É como querer construir um prédio de 100 andares sem se preocupar com a estabilidade dos alicerces. Investir em cultura, educação, serviços é uma prioridade maior que investir em industrialização e consumo.

A economia está tão voltada para a manutenção da produção que não enxerga que não precisamos mais do que está sendo produzido na escala que está sendo produzido. Não me interessa como vão fazer para vender mais carros, me interessa saber onde vão enfiar esses carros vendidos. Será que não vêem que carro não é um item com obsolescência de curto prazo? Não, não precisamos de mais carros, onde está o “estudo da escassez” para mostrar isso? "Ah, mas a industria automotiva é uma das que mais sustentam o crescimento brasileiro" me dizem. Na boa, se for para crescer assim, só para o PIB ficar bonitinho, prefiro que fique estagnado.

Sim, concordo que para que o país se desenvolva precisamos de dinheiro e que para isso precisamos produzir, mas calma lá, não deixemos o capitalismo subir a cabeça. A ordem é produzir o que precisamos consumir e não consumir o que precisamos produzir.

Quando o IDH do Brasil passar o do Reino Unido me chamem, aí sim, vou comemorar.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

My Way

Se tem uma música que gostaria que tocasse no meu enterro é essa. 

And now the end is near
And so I face the final curtain
My friend, I'll say it clear
I'll state my case of which I'm certain

I've lived a life that's full
I traveled each and every highway
And more, much more than this
I did it my way

Regrets, I've had a few
But then again, too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exemption

I've planned each charted course
Each careful step along the byway
And more, much more than this
I did it my way

Yes there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all when there was doubt
I ate it up and spit it out

I faced it all and I stood tall
And did it my way

I've loved, I've laughed and cried
I've had my fill, my share of losing
And now as tears subside
I find it all so amusing

To think I did all that
And may I say, not in a shy way
Oh no, oh no, not me
I did it my way

For what is a man, what has he got?
If not himself, than he has naugth
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels

The record shows, I took the blows
And did it my way

(Frank Sinatra)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Menestrel

Bastante gente conhece esse texto. Geralmente é atribuído a Shakeaspeare, mas descobri esses tempos que não é dele, apenas a última frase é encontrada nas suas obras (é o que li, não sei de fato), é de Veronica A. Shoffstall e o título em inglês é After a While. Eu arrepio toda vez que leio.

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.

Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.

E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…

E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.

E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…

Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.

Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…

Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…

Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.

Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.